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| Culto de Candoblé na Praia Grande - SP | 
Por Eliseu Antonio Gomes
A religião de origem africana  
Perto de onde moro existe uma agência bancária. O gerente dela tem um  problema peculiar e bastante comum nos centros urbanos. No período da  noite, de quase todas as sextas-feiras, seguidores de religião  afro-brasileira depositam pratos de comida nas áreas externas, no lado  que fica próximo de uma encruzilhada de ruas, no gramado de um jardim da  instituição. A prática é o famoso despacho, mais comumente conhecido  como macumba. 
O gerente do banco tomou uma atitude diplomática para resolver esta  situação. Contratou uma empresa de paisagismo e pediu que plantasse, por  toda a área em que os “macumbeiros” acostumaram-se a usar, algumas  plantas espinhosas. Então, há seis meses, na medida em que a  nova vegetação cresce e ganha formas pelas mãos e tesoura do paisagista,  a agência bancária ganha vista mais apreciável aos que passam diante  dela e na mesma proporção as oferendas religiosas pararam de ser postas  naquele local. Obviedade: espinhos arranham e ninguém gosta de ser  arranhado.
 Alguns moradores da rua se sentiam indignados com a prática religiosa.  Não é questão de preconceito religioso, a rejeição tem critério  muitíssimo importante, é de autodefesa e defesa da sociedade. Os pratos  de comida expostos assim, ao céu noturno e aberto, provocam a infestação  de ratos. Todos nós sabemos que os roedores são responsáveis pela  proliferação de doenças. Eles transmitem hantavirose, raiva, tifo  murino, leptospirose, peste bubônica, sarnas e micoses. Algumas dessas  moléstias são mortais. 
É dito que no Japão, a figura do imperador recebe reverência de todas as  pessoas da sociedade, mas ele se curva apenas para um segmento dessa  sociedade, os professores. Isso demonstra inteligência, porque os  educadores difundem conhecimento. 
Dias atrás, a partir do Diário do Grande ABC a mídia secular, com  repercussão em blogs cristãos, trouxe um caso pitoresco ocorrido na  Escola Estadual Antônio Caputo, situada no bairro Riacho Grande em São  Bernardo do Campo. Um adolescente de quinze anos, cuja família é  praticante do candomblé, o pai Sebastião da Silveira, 64, é sacerdote de  cultos afros, acusa Roseli Tadeu Tavares de Santana, professora de  História, de ser responsável pelo  bullying que ele sofre por parte dos  colegas. Segundo o rapaz, as zombarias aconteceram porque ela ora em  sala de aula e incentiva os alunos a orarem também, manifestando assim a  fé cristã. O pai processa o Estado de São Paulo por discriminação  religiosa.
Ora, será que o garoto não é agente provocador do bullying, não teria  ofendido a religião cristã  no ambiente escolar em algum momento? Ele  vai à escola vestido de branco, porta colares extravagantes no peito?  Nós sabemos que a fase da adolescência é efusiva.
Líderes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do  Estado de São Paulo) compareceram na escola, reuniram-se com a  diretoria e a professora. Deixaram seu departamento jurídico à  disposição para auxiliar Roseli. A Apeoesp e a Diretoria Regional do  Ensino de São Bernardo concedem apoio afirmando que religião faz parte  do ensino de História. 
A Secretaria Estadual da Educação frisa que não fará comentários  sobre o assunto até a conclusão da investigação. O  prazo da apuração é de um mês, prorrogáveis por mais 30 dias.
Roseli é moradora do bairro onde situa a unidade escolar em que trabalha  há aproximadamente  cinco anos Como educadora ela recebe elogios pela maioria dos  estudantes, e também tem declarações favoráveis de colegas de profissão.  Ela mantém atividades extracurriculares de combate ao uso de  drogas. 
A professora Roseli Tadeu continua a dar aulas na Escola Estadual  Antônio Caputo e o aluno continua suas atividades de aluno naquele  recinto. O Ministério Público abriu uma investigação para apurar as  responsabilidades da professora e da direção da escola. O promotor Jairo  de Lucca informou que, dependendo da providência que a Secretaria da  Educação seguir, abrirá um inquérito contra Roseli.  Em sua única manifestação à imprensa, a educadora disse por telefone que  não reconhece ter cometido erro. 
Não convém culpar sumariamente a educadora pelo caso do bullying. Tal  ação parece ser orquestrada, uma estratégia mascarada para fazer os  cristãos se retraírem.
A vigilância sanitária deve  prestar atenção na situação de distribuição  de oferendas em forma de pratos com alimentos nas grandes metrópoles e  até em áreas rurais. Os  legisladores precisam se debruçar sobre essas práticas religiosas e  definir regras com vista ao bem dos cidadãos brasileiros.
Gente, laicidade não é o Estado ter postura contra a religião. É estar  completamente neutro. Portanto, a queixa contra a professora Roseli não  tem fundamento e com certeza a família do garoto não se beneficiará  financeiramente com este caso.
E.A.G.